terça-feira, 12 de agosto de 2008

Crônica do Nada-Parte lll

Agora ja estava bem, as feridas tratadas, e a fome saciada.Parte então através da velha trilha, por onde se arrastou essa manhã.
Conseguiu chegar em uma pequena cidade, porém bem movimentada.
Olhares críticos, cochichos venenosos.

- Por que estão me olhando?

O som das vozes tende a crescer, e crescer...

- Quem são esses homens?

- Me soltem! Para onde estão me levando!?

Uma dor repentina atrás da cabeça seguida por uma tontura.
E a escuridão predomina denovo...
...
...
...
Ainda um pouco tonto, tenta descobrir que lugar é aquele.
Esse cheiro podre, essas paredes úmidas, essas ...correntes.

- Uma cela...

Volta a sí quando ouve o barulho de passos.
E eles continuam, até cessarem do outro lado da porta.
Uma pequena janela se abre, e então o silêncio mortal domina.

- Você! Duas noites! O carrasco virá te buscar!

Aquilo o acertou como um tiro.
Jogado ao chão, tentava provar que tinha sido uma ilusão.
Infelismente, a tudo estava claro.
Confuso ou não, seu fim estava escrito.

Crônica do Nada-Parte ll

Que dor é essa?
Implora a seu próprio corpo por toda força que ainda lhe resta, e usa-a para levantar.
Lentamente, e apoiando-se sombre um de seus joelhos, leva as mãos ao rosto.
A dor volta como o quebrar de uma onda, a risadas, as vozes, sua cabeça parece explodir.
Sua lágrimas escorrem desenfreadamente, o gosto de sangue vem a sua boca.
Devagar e com dificuldade se "arrasta" por uma trilha.
A visão ainda um pouco embaçada decodifica o formato de um ser, ja era tarde.
Seu corpo desliga, e como uma enorme árvore cortada, desaba.
Só podia fechar os olhos e aguardar o impacto.
Quando já desacreditado, só pode sentir uma leve pressão em seu ombro, aparando sua queda.
Aquilo veio como uma benção, a carne de um faminto, a esperança de um desiludido.
Tudo resumido em uma frase.

- Voce está bem?

Agora seu corpo jazia envoldido por um calor jamais sentido.
Seus músculos pareciam relaxar pela primeira vez, seus olhos aos poucos se abriam.
Uma imagem turva ia se formando, sendo embaçada pela claridade de uma vela.
Um rosto. Espere! Um rosto feminino, e o que seria aquilo logo abaixo?Algo estranho, branco... Parecia ser um... Sorriso.
Já não lembrava da ultima vez que tinha visto alguem sorrir.
Num susto, um movimento repentino.
Levantando-se rápido, se arremessa contra a parede do lugar.

- Quem é você?

Sua única resposta agora era o silêncio.
Paralizado, tudo que pode ver era a mulher sair por uma porta, rapida como o vento.
Ainda lento pelos ferimentos, tenta acompanhar, mas tudo que consegue é machucar um dos pés.
Desapontado, olha em busca do motivo daquela dor-surpresa.
Algo brilhante, um brinco, talves um broche... e que cheiro é esse? Divino.

Crônica do Nada - Parte l

Passava da meia-noite, e ele insistia em continuar.
O suor pingava, seus músculos estremeciam, o cansaço o tentava.
Sua visão ja embassada tentava acompanhar os vultos que aos poucos se acumulavam ao redor de sua cabeça.
O ar estava mais pesado, parecia estar carregando o mundo às costas, e como um anoitecer relampago, tudo apagou.
A escuridão tomou conta de sua paisagem, pode apenas sentir o frescor do solo acertando seu rosto, e a poeira levantada invadindo seu pulmão.
Uma tosse espanta o silêncio da manhã, olhos apertados tentam lutar contra os primeiros fachos de luz, uma respiração fraca logo acompanhada de um movimento com a cabeça.
Aonde ele estava?